Situando a educação no tempo e no espaço, para se sentir e se efetivar como de qualidade, a escola não pode deixar de se apoiar nos quatro pilares básicos propostos pela UNESCO para a educação do novo milênio: Saber, Saber Fazer, Ser e Conviver.

Estes princípios nos permitem compreender que o papel da escola mudou: de transmissora de conhecimento, passou a formadora de cidadãos. A escola precisa formar pessoas aptas nos aspectos cognitivo, moral, social e emocional. Ou seja, ensinar a viver a vida em sua plenitude.

Logo, sua função passou a ser a de desenvolvedora de capacidades, competências e habilidades no sujeito que aprende. Seu objetivo é levá-lo a ler e escrever, contar e ter condições de atuar no meio em que vive por meio do uso ético dos conhecimentos físicos e sociais que possui.

E considerando que quem tem na informação e no conhecimento sua base social e econômica, leitura e escrita representam poder. O poder conferido pela posse da informação e pela capacidade de se expressar, mais especificamente pela linguagem oral e escrita. Por isso é primordial que cada criança, durante toda a sua escolaridade, viva intensamente experiências de sujeito leitor e escritor.

Com as experiências de ler e escrever, a criança desenvolve atitudes e valores decorrentes da compreensão da utilidade e das diferentes funções da escrita.

Há várias formas de proporcionar estas experiências, como produzir convites para que visitem a escola, enviar bilhetes a colegas ausentes, realizar relatórios sobre trabalhos ou fazer um documento para obter uma autorização. Tudo regado com risos ou lágrimas que as histórias que se criam e se ouvem podem proporcionar, além do prazer proporcionado pela capacidade de expressar ideias.

No entanto, sujeitos leitores e escritores não nascem prontos. Eles se fazem na realização dos atos de leitura e escrita de forma efetiva e prazerosa correspondentes a contextos de uso real, ou seja, se constituem na vivência do cotidiano. Por isso é preciso que a escola cuide para que o escrever e o ler não sejam sinônimos de trabalho enfadonho, bloqueio e fracasso; mas sim que produzam projetos, ainda que com uma escrita não convencional como a infantil.

Por isso, na Sonho Encantado procura-se produzir na mente da criança imagens de prazer e utilidade quando tratamos da leitura e da escrita. Quando convidamos a criança à escrita, o fazemos com finalidades expressas: produzir uma mensagem para divulgação em cartaz ou mural, reescrever ou inventar um conto, relatar um fato, fazer uma música etc., ao invés de fazer exercícios de gramática ou treinos ortográficos.

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Na Sonho Encantado o trabalho volta-se para a construção de uma representação dinâmica do próprio escrito e do sujeito escritor. E uma representação precisa da tarefa de escrever. Com isso, as competências e os conhecimentos linguísticos necessários à produção de textos vão se constituindo.

Como fruto desta postura, surgiu o projeto “O Despertar do Escritor”, que tem como proposta a produção de um livro de pano com histórias sobre o tema anual da Unesco.

Para nós o essencial é que as crianças descubram, durante sua escolaridade, que existe um mundo da escrita. Um mundo com faces social, cultural, econômica e industrial. Um mundo onde há produção, edição e difusão de exemplares de livros, revistas e jornais.

A proposta pedagógica da Sonho Encantado entende que a criança é capaz de representar a si mesma, e por tanto, é capaz de produzir um livro, uma crônica, uma receita de comida ou desenvolver as regras de um jogo. Por isso buscamos que as crianças saibam que os escritos sociais raramente se apresentam sob a forma de folhas soltas e de cadernos – como é comum em outras escolas -, mas sim sob a forma de escritos complexos, como jornais, revistas, livros e coleções, tendo cada um deles sua especificidade.

É preciso que elas desenvolvam a consciência como leitores, mas também como produtoras de texto. E isto implica em compreender que o mundo real da escrita não se limita a folhas xerocadas pelo professor, mas que existe uma variedade de possibilidades tipográficas, de gêneros, de papéis e de dimensões de escrita.

Para complementar, promovemos encontros com profissionais das letras, como autores, ilustradores e editores; além de agendar visitas a gráficas, livrarias, bibliotecas e feira de livros.

Em suma, a Sonho Encantado busca ajudar as crianças a encontrar seu lugar no mundo da escrita, não somente como leitoras, mas também como produtoras, editoras e difusoras da escrita.

Eveli Leite da Costa  –  Pedagoga